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MOJUBÁ !
Temos o intuito de incentivar e discultir textos sobre as religiões de matriz africana entre outras questões que envolve essa temática, também ter um espaço para divulgação da atividades da Egbé que alcança o Ilê Axé Sangó e o Centro Cultural Ébano Brasil.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Lenda do mês

Porque os/as iaôs usam pena ecodidé na testa quando são iniciados/as.

Esta lenda nos da uma explicação para esse fato.
Assim diz a lenda:
“Oxalá tinha três mulheres, a esposa principal era uma filha de Oxum, e como tal era a encarregada de zelar pelos alvos paramentos e pelas ferramentas que usava Oxalá nas grandes celebrações. As outras mulheres invejavam a posição da filha de Oxum e muitas vezes criaram situações embaraçosas para prejudicá-la.
            Um dia, a filha de Oxum limpava as ferramentas de Oxalá e as deixou no sol para secar enquanto cuidava de outras coisas. Vieram as duas outras mulheres e jogaram os objetos do Orixá no mar. A filha da Oxum não encontrou as ferramentas do Grande Orixá e julgou, desesperada, que por, conta disso pagaria caro demais. Nem da cama levantou-se no dia da festa, tal o seu estado d’alma. Sabia que na festa Oxalá haveria de querer usar os seus símbolos.
            Uma meninazinha que ela criava lhe pediu para que se levantasse, mas ela se recusou a fazê-lo, tão grande o desânimo que a possuía. Foi quando passou na rua um pescador vendo peixes e  a mulher mandou a meninazinha comprar alguns para a festa. Ao abrir os peixes, encontrou as ferramentas dentro deles.
As outras duas não desistiram de prejudicar a rival esposa. No dia da festa, no ponto privilegiado da sala, ocupava seu trono Oxalá. Sentada numa cadeira, à sua direita, encontrava-se a esposa principal, enquanto as duas outras acomodavam-se em cadeiras do lado esquerdo. Aproveitando-se de um momento em que a primeira esposa se ausentou, retirando-se da sala para providenciar a coroa de Oxalá, as duas outras puseram na sua cadeira um preparado mágico. No momento em que ela voltou à sala e se sentou, sentiu o assento pegajoso, quente, estranho. Ela sangrava, deu-se conta com horror! Saiu correndo em desespero, sabendo que infringira um tabu do marido.
            Oxalá indignou-se por ela ter se apresentado diante dele em estado de impureza e a expulsou da casa por quebra de tabu.
            A triste esposa correu para a casa de sua mãe em busca de socorro. Oxum a recebeu carinhosamente e cuidou dela. Triturou folhas e preparou-lhe um banho na bacia. Banhou seu corpo, lavou o sangue, envolveu-a em panos limpos e a deixou repousando numa esteira sob a sombra de uma árvore.
            Quando Oxum tirou a filha do banho, o fundo da água era vermelho e não era sangue, eram penas vermelhas do papagaio-da-costa, que os iorubas chamam de edidé ou ecodidé. Penas raríssimas e muito apreciadas entre os iorubas. Penas que o próprio Oxalá considerava um riquíssimo objeto de adorno, das quais os caçadores não conseguiam arranjar-lhe sequer um exemplar.
            A filha de Oxum passou a ir às festas enfeitada com tais penas e um rumor de que Oxum tinha muitos ecodidés chegou aos ouvidos de Oxalá. Como ele não conseguia as penas de papagaio pelas mãos dos caçadores, foi um dia à casa de Oxum perguntar por elas e surpreendeu-se. Lá estava sua mulher, a filha de Oxum, coberta com as preciosas plumas. Oxalá acabou perdoando a esposa e a levou da volta para casa.
            Com a filha reabilitada e Oxalá satisfeito, Oxum completara seu prodígio. Oxalá ornou com uma das penas vermelhas sua própria testa e determinou que a partir daquele dia as sacerdotisas dos orixás, as iaôs, quando iniciadas, deveriam também usar o ecodidé enfeitando suas cabeças raspadas e pintadas, pois assim seriam mais facilmente reconhecidas pelos Orixás que tomam seus corpos em possessão para dançar nas festas.” (In:PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. Cia das Letras, São Paulo- SP, 2001. p.329 a 332)

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