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MOJUBÁ !
Temos o intuito de incentivar e discultir textos sobre as religiões de matriz africana entre outras questões que envolve essa temática, também ter um espaço para divulgação da atividades da Egbé que alcança o Ilê Axé Sangó e o Centro Cultural Ébano Brasil.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

LENDA DO MÊS:

 A PIOR E A MELHOR COISA DO MUNDO
 
Quando Obatalá chegou neste mundo, nada conhecia sobre ele e tinha curiosidade de saber de todas as coisas. Foi por este motivo que um dia pediu a Esu, que era seu empregado, que lhe servisse no almoço aquilo que houvesse de melhor sobre a face da Terra.
Esu então foi ao mercado e ali comprou uma língua bovina que, com as próprias mãos, limpou, temperou e, depois de assar, serviu a Obatalá.
Finda a refeição, muito agradecido, Obatalá disse a Esu:
O prato que me serviste é realmente delicioso; jamais, em minha vida, experimentei algo tão bom!
Envaidecido, Esu retrucou:
Realmente, a melhor coisa do mundo é a língua!
Quero agora, amigo Esu, que me sirvas a pior coisa que possa existir neste mundo – pediu o Orisá Funfun.
No dia seguinte, Esu foi novamente ao mercado, onde retornou com mais uma língua bovina. Novamente preparou-a da mesma forma que a anterior e serviu-a a seu amo.
Depois de comer, Obatalá repreendeu Esu:
Quer me parecer que não entendeste bem meu pedido. Ontem me serviste uma língua como sendo a melhor coisa do mundo, comi e gostei, aprovando inteiramente a tua escolha. Em seguida te pedi que me servisses, hoje, a pior coisa do mundo e, mais uma vez me serves língua. O sabor é exatamente o mesmo da que me foi servida ontem e gostaria de saber como pode uma coisa ser, ao mesmo tempo, a melhor e a pior coisa do mundo. Ou será que se trata de tuas brincadeiras?
Não, Grande Ori, não se trata de nenhuma brincadeira. Jamais agi com tanta seriedade e segurança! – assegurou Esu.
Explica-me então o que pretendes pois, confesso, não consigo entender onde queres chegar – replicou o Orisá Funfun.
Com ar sério, Esu começou a explicou:
A língua é, sem dúvida, a melhor coisa do mundo e, contraditoriamente, pode ser a mais perigosa e ruim de todas.
Quando é usada para coisas boas tais como abençoar, fazer preces em louvor aos Orisás, orientar corretamente, cantar a boa música, recitar poesias, falar de amor e ensinar os bons costumes é, então , a melhor coisa do mundo.
Quando, ao contrário, é utilizada para caluniar, amaldiçoar, mentir, fomentar a discórdia e a guerra, torna-se letal. É a pior de todas as invenções do nosso Pai Olodumàre e melhor seria que nunca tivesse existido.
Tudo depende da forma como é usada por seu dono, para que possa ser classificada como a melhor ou a pior coisa do mundo.
E foi então que Obatalá, compreendendo o ensinamento que lhe dera Esu, nunca mais aceitou língua em suas refeições.
  (MARTINS, Adilson. Lendas de Exu. Pallas: 2008. p. 37-38)

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