Xangô deixa de comer carne de porco em honra dos malês

Um dia, Xangô foi até a cidade deles para levar alguém de sua família. Mas o malês não o aceitaram, porque entre eles só vivia quem tivesse o mesmo sangue deles.
Xangô não gostou nada daquilo. Por todas as partes ele havia deixado gente sua, só os malês não aceitaram.
Então Xangô voltou para casa e contou a Yansã o que acontecera. Ele chamou para fazerem guerra aos malês e ela concordou prontamente.
Eles partiram no dia seguinte, Yansã na frente. Ia imensa, colossal, completamente coberta de fogo, soltando relâmpago em todas as direções. Xangô foi atrás, espalhando coriscos à sua volta.
A terra e todas as outras coisas tremiam e os coriscos de Xangô causavam destruição entre os malês. Eles pensaram que era o fim do mundo, viram Yansã lançando todo o seu poder, mas também viram Xangô e entenderam o que estava acontecendo.
Xangô chegava para dominar. Os malês, então, imploraram pelo fim do suplício. Xangô exigiu que eles se submetessem ao seu poder. Com muito medo da destruição, os malês aceitaram o poder de Xangô e abriram a porta da cidade para que entrasse quem fosse da sua vontade.
Assim, Xangô também é rei na cidade dos malês. Só que em homenagem a esse povo muçulmano Xangô deixou de comer carne de porco, tão grande era seu desejo de ser respeitado por essa nação. É por isso que todos os filhos e filhas de Xangô também não devem comer carne de porco. (PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. Cia das Letras, 2000. p.274-275)
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