Babaloorisá João Bosco D’Sangó
Se no período
colonial e imperial da história brasileira nossos (as) ancestrais africanos
(as) e afro-descendentes sofreram por ser praticante de uma religião de advinda
do continente negro. Porém, com bravura, destemes e astucia conseguiram
organizar o culto da qual conhecemos como Candomblé. Hoje, ainda temos muitos
desafios por sermos praticantes desse culto ancestral. Outrora, as forças
policiais invadiam os espaços sagrados dos templos afros e com autoritarismo e atrocidade
reprimiam e humilhava e prendiam religiosos (as) afros.
Na atualidade as atrocidades não são
das forças policias e sim de religiosos (as) pentecostais e neo-pentecostais
que usam os Meios de Comunicação de Massa, especialmente a televisão para
cometer suas atrocidades contra religiosos (as) afro.
Como se isso não bastasse alguns
políticos usam da tribuna, seja das Câmaras de Vereadores, Assembléias Legislativas
e Congresso Nacional, para cometer seus desvarios contra as práticas teológica
do candomblé, desta feita é o uso
ritualístico de sacrifício animal que esta em voga no cenário de
variadas instituições legislativa espalhada pelo Brasil.
Não negamos que esse é um tema
polêmico e delicado para os não praticantes do culto do candomblé, entretanto
para nós religiosos (as) afros conscientes de nossa prática e da nossa teosofia[1]
compreendemos a necessidade e todos os fatores que leva-nos a fazer a imolação
ritualística de animal.
Para inicio de conversa os animais
não sofrem torturas como afirmam muitos leigos, nem muito menos são
violentados. Muito pelo contrário, a imolação é realizada de forma parcimoniosa
por pessoas preparadas para esse ritual. Não há desperdícios e nem poluição do
meio ambiente, tudo é aproveitado. A parte do Orisá é oferenda aos
mesmos, outras partes são oferecidas em banquetes aos convivas em festa e no
dia-a-dia do templo.
Portanto, refutamos a idéia que a
imolação ritualística de animais no culto do candomblé seja algo primitivo e
violento. Todas as religiões milenares têm nesse ritual sua prática constante. Porém,
por preconceito aos cultos de origem africana, no qual o candomblé se encaixa,
pessoas que no afã de defesa dos animais se julgam no direito de interferir em
nossas práticas ritualísticas. Entendemos ser essa atitude forma de
intolerância religiosa contra as práticas do culto de candomblé.
Cremos ser oportuno perguntarmos àqueles (as) que advogam contra a
imolação ritualística de animais se farão piquetes nas portas e portões dos
inúmeros frigoríficos espalhados por este país, que diariamente matam animais para
satisfazer nossos paladares com os mais diversos tipos de carne. Corrija-nos se
estivermos errados: Não seria isso também sacrifício animal?
É inegável que essa temática seja um dos maiores desafios para nós
religiosos (as) praticantes de candomblé espalhados por todos os cantos do
Brasil, compreender e explicar o significado lógico do ritual de imolação de
animais em nosso culto.
Para fomentar debate sobre esse
assunto pesquisamos alguns artigos de noticiários de jornais e sites para que
percebamos opiniões diversas sobre tal ponto.
No primeiro texto intitulado, Projeto
de Lei Proíbe Sacrifício de Animais em Rituais Religiosos
em SP, analisa um projeto de Lei Nº 992/2011 apresentado na Assembléia
Legislativa de São Paulo pelo Deputado Estadual Feliciano Filho (PV).
Já o segundo texto, tem como
titulo Lei da Selva (Sobre o Uso de
Animais em Rituais
Religiosos ) inova ao apresentar o ponto
de vista de Márcio Alexandre Gualberto, presidente do Coletivo de Entidades
Negras (CEN) e do sociólogo da USP, Reginaldo Prandi.
E, no terceiro texto - Campinas: Sacrifício de Animais é Debatido na Câmara, apresenta proposições de Maurílio Ferreira da Silva, Coordenador do
Movimento Negro Unificado de São Paulo.
São três artigos com pontos de vista
de pessoas diversas que analisa a imolação ritualística de animal no culto de
candomblé. Esperamos sinceramente que os mesmos sirvam para evidenciar o quão
temos que nos organizar e defender as praticas teosóficas das religiões de
matriz africana onde quer que estejamos neste país.
A lenda deste mês procura demonstrar
como o milho espalhou-se pela África, e tornou-se base da alimentação daquele
povo.
Com referência às atividades do mês
de abril na Ègbé Òmorisá Sangó, são as seguintes:
-Dia 04 (Quarta Feira) 20 horas –
Amalá;
- Dia 07 (Sábado) das 15 às 17
horas – Atendimento Público;
- Dia 14 (Sábado) Participação dos
membros desta Ègbé da Festa de Ode em Campo Grande-MS ;
-Dia 21 (Sábado) - das 15 às 17
horas – Tarde de Estudo – Projeto Discutindo Candomblé de Nação Ketu;
- Dia 28 (Sábado) - das 15 às 17
horas – Projeto Cantando e Dançando para Orisá.
- Dia 29 (Domingo) – das 10 às 12
horas– Projeto Cantando e Dançando para Orisá.
Aproveitamos a oportunidade para parabenizar a abiã Stefanny Silva Araújo, pelo se aniversário ocorrido no dia
22 março, que Babá Orisá Sangó lhe de vida longa com prosperidade
e alegria, sucesso e realização.
Como também felicitamos Babá
Edson Fernandes d’Ode (Sacerdote do Asé Pioneiros e Babaloorisá
do Babá Bosco d’ Sangó e das Yarobá Suzi e Ângela d’Osun) pela sua data
natalícia no dia 08 de abril. E rogamos a todos os (as) Orisás que esta
data se repita por muitos anos. Harmonia, Paz de Espírito, Vida Com Saúde e Equilíbrio
é o que desejamos a ele. Seja Sempre Muito Feliz.
Por fim desejamos que os escritos deste meio de comunicação sirvam de
aporte para fomentar debates e discussões sobre assuntos interrelacionados às
religiões de matriz africana, especialmente o Candomblé de Nação Ketu.
Autor da idéia, deputado do PV
diz ser 'cristão e vegetariano'. Religioso afirma que proposta, ainda em
tramitação, resvala na 'hipocrisia'.
O deputado
estadual Feliciano Filho (PV), que diz ser cristão e vegetariano, propôs à
Assembléia Legislativa de São Paulo o projeto de lei 992/2011, que proíbe o
sacrifício de animais em práticas de rituais religiosos no estado de São Paulo.
O texto prevê multa de 300 Ufesp (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo) ou R$
5,2 mil para cada infração, dobrando de valor em caso de reincidência.
A proposta
tem provocado protestos do presidente do Fórum de Sacerdotes do Estado de São
Paulo e do Instituto Nacional de Defesa das Tradições de Matriz Afro
Brasileira, Tata Matâmoride. "Já entramos em contato com o presidente da
Assembléia para informar que esse projeto é inconstitucional." Ele cita o
artigo V da Constituição, que estabelece que "é inviolável a liberdade de
consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as
suas liturgias".
Autor do
projeto, Feliciano Filho reconhece que a idéia é polêmica, mas afirma que
"a liberdade de culto vem depois do crime de crueldade". Ele
estima que os contrários ao projeto são uma minoria. "Não sei de onde virá
a pressão, só sei que é uma minoria. Tem de valer o interesse da sociedade. Não
pode valer o interesse de classe. Não queremos cercear a liberdade de
culto", afirma.
O deputado
está convencido de que a proposta, que começa a ser analisada pela Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ), deverá ser aprovada e afirma que vai tentar ouvir
as pessoas que podem sentir-se afetadas pela proposta. "A gente vai tentar
porque tem muitos projetos em andamento, quando [o projeto] estiver mais perto
da ordem do dia. Mas a proposta não tem vícios de iniciativa e é
constitucional", afirma.
Tata
Matâmoride, que também é conselheiro do Fórum Interreligioso da Secretaria de
Estado da Justiça e do Comitê de Cultura de Paz da Assembléia Legislativa,
afirma que a proposta revela "hipocrisia". "Todo mundo fica
defendendo animalzinho, mas ninguém deixa de usar sapato de couro", afirma.
De acordo com ele, caso propostas como essa sejam válidas, deve haver também a
restrição ao sacrifício de animais no Natal.
O religioso
diz que iniciativa igual não prosperou em Piracicaba, no interior de São Paulo,
onde foi vetado em 2010 pelo prefeito Barjas Negri. "Já houve iniciativa
igual em Piracicaba, mas não colou, porque não é competência do estado legislar
sobre esse assunto", diz. (www.g1.globo.com)
TEXTO 02 - LEI DA SELVA (SOBRE O USO DE
ANIMAIS EM RITUAIS
RELIGIOSOS )
Lei da Selva
Projeto que veta
o sacrifício animal em rituais, apresentado em SP, acende uma difícil discussão
sobre crueldade contra seres vivos e liberdade de crença e culto
Joel Silva
Joel Silva
Um projeto de lei apresentado na Assembléia Legislativa de São Paulo quer proibir o uso e o sacrifício de animais em cultos religiosos.
Mesmo longe de
ser votado, o projeto mobilizou religiosos e protecionistas. O debate contrapõe
tradição cultural e direito animal e mostra furos na atual legislação.
Para o deputado Feliciano Filho (PV), o autor, ele não propõe nada além do que a lei prevê. "Só fixei multa para quem praticar o sacrifício, que já é proibido.”
Ele se refere à Constituição e à Lei de Crimes Ambientais. Uma garante que os animais não sofram crueldade. Na outra, maus-tratos é crime. "Matar sem anestesiar é maus-tratos", argumenta. Mas a Carta também garante liberdade de culto. O que viria primeiro?
"É um conflito. A legislação encampa valores da liberdade religiosa e do ambiente. Os dois lados podem ter razão", diz Daniel Lourenço, especialista em direito animal.
No Sul, uma lei de 2003 permite sacrifício de bichos em rituais de matriz africana. Em 2005, houve tentativa frustrada de derrubá-la.Em São Paulo , a discussão
mal começou e não envolve só as religiões africanas.
Para o deputado Feliciano Filho (PV), o autor, ele não propõe nada além do que a lei prevê. "Só fixei multa para quem praticar o sacrifício, que já é proibido.”
Ele se refere à Constituição e à Lei de Crimes Ambientais. Uma garante que os animais não sofram crueldade. Na outra, maus-tratos é crime. "Matar sem anestesiar é maus-tratos", argumenta. Mas a Carta também garante liberdade de culto. O que viria primeiro?
"É um conflito. A legislação encampa valores da liberdade religiosa e do ambiente. Os dois lados podem ter razão", diz Daniel Lourenço, especialista em direito animal.
No Sul, uma lei de 2003 permite sacrifício de bichos em rituais de matriz africana. Em 2005, houve tentativa frustrada de derrubá-la.
TRADIÇÃO DO
SACRIFÍCIO
O sacrifício
animal está na origem das maiores religiões do mundo. Historicamente, a morte
dos animais era feita para expiação dos pecados ou em celebrações, explica o
sociólogo Reginaldo Prandi.
Como religião
institucionalizada, o cristianismo nunca adotou o sacrifício, mas
teologicamente admite o seu significado. "Quando recebem a hóstia, os
católicos fazem um sacrifício simulado. Para os cristãos, a morte de Jesus foi
o último sacrifício." No judaísmo, não é comum o sacrifício de animais,
mas existe o abate kosher, que usa em larga escala técnicas próprias para matar
o animal.
No abate kosher,
assim como no halal (abate muçulmano), o animal é morto por degola e não é
anestesiado. A nova lei enquadraria toda morte de bicho feita sem
insensibilização (anestesia).
Em 2010, o
Brasil exportou 475,23 mil toneladas de carne para países que exigem abate
halal ou kosher (39% do total exportado). "O abate kosher não é um ritual.
O ideal judaico é o vegetarianismo. Consumir carne é uma concessão a alguém de
alma fraca", diz o rabino Ruben Sternschein, da Congregação Israelita
Paulista. Segundo ele, o abate kosher "deve ser feito com o mínimo de
sofrimento para o animal".
Já o abate halal de bois, aves e carneiros é um sacrifício religioso, diz Mohamed Hussein El Zoghbi, diretor da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil.
"Mas prima pelo bem-estar como nenhum outro. A morte por degola não causa sofrimento. A ruptura das veias e da traquéia faz com que o animal morra rapidamente. Quem vê pensa que está sofrendo, mas já está morto, se debate por reflexo." De acordo com o presidente do CEN (Coletivo de Entidades Negras), Márcio Alexandre Gualberto, o bicho morto no candomblé também é consumido -nada a ver com a imagem de feitiçaria e galinha em encruzilhada.
Já o abate halal de bois, aves e carneiros é um sacrifício religioso, diz Mohamed Hussein El Zoghbi, diretor da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil.
"Mas prima pelo bem-estar como nenhum outro. A morte por degola não causa sofrimento. A ruptura das veias e da traquéia faz com que o animal morra rapidamente. Quem vê pensa que está sofrendo, mas já está morto, se debate por reflexo." De acordo com o presidente do CEN (Coletivo de Entidades Negras), Márcio Alexandre Gualberto, o bicho morto no candomblé também é consumido -nada a ver com a imagem de feitiçaria e galinha em encruzilhada.
"Tem quem
faça isso, mas não é nossa tradição. Usam partes da tradição para fazer coisas
que não são nossas." Segundo ele, o sacrifício é praticado por sacerdotes
treinados para minimizar o sofrimento. "O animal não pode sofrer. Somos
preocupados com o bem-estar dos animais oferecidos aos deuses."
São Paulo tem
719 terreiros, segundo levantamento de Prandi, para quem o projeto é
preconceituoso: "As motivações da lei são o preconceito e a ignorância. Se
o deputado estivesse preocupado com animais, deveria bater na porta de
frigoríficos". Para Antonio Carlos Arruda, coordenador de políticas
públicas da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania de SP, o projeto é
"inaceitável". "Liberdade religiosa é princípio da
democracia."
Uma reunião do Fórum Inter-Religioso da secretaria discutiu a participação de entidades do Estado no movimento de reação ao projeto. O slogan da campanha, que antes era "Não toquem nos nossos terreiros", foi ampliado para "Cultura de paz e liberdade religiosa já!". Um ato público organizado pelo CEN está previsto para o dia 15, às 13h,em São Paulo , no vão do
Masp.
Uma reunião do Fórum Inter-Religioso da secretaria discutiu a participação de entidades do Estado no movimento de reação ao projeto. O slogan da campanha, que antes era "Não toquem nos nossos terreiros", foi ampliado para "Cultura de paz e liberdade religiosa já!". Um ato público organizado pelo CEN está previsto para o dia 15, às 13h,
LIMITE DA
LIBERDADE
Do outro lado,
os defensores dos animais consideram o projeto pertinente ao menos por levantar
o debate. "Nossa sociedade ainda tem a idéia de que animais são coisas.
Nessa visão, o direito do homem é superior ao deles", diz o advogado
Lourenço. O promotor de Justiça do Estado Laerte Fernando Levai diz que há
limites morais para o exercício da liberdade religiosa. "Há que se
respeitar o direito ao culto, sim, desde que as práticas não impliquem
violência."
O promotor João
Marcos Adede y Castro, do Rio Grande do Sul, reforça o coro: "Se fosse
assim, era só criar uma religião de sequestradores e haveria respaldo legal".
O mesmo pensa a veterinária Ingrid Eder, da ONG WSPA Brasil. "Que cultura é essa que causa maus-tratos aos animais? A cultura evolui de acordo com o conhecimento. Hoje, sabemos que os animais sentem dor."
O mesmo pensa a veterinária Ingrid Eder, da ONG WSPA Brasil. "Que cultura é essa que causa maus-tratos aos animais? A cultura evolui de acordo com o conhecimento. Hoje, sabemos que os animais sentem dor."
Reginaldo Prandi
acredita que a evolução deve vir de dentro da religião. "Há segmentos do
candomblé que não matam animais. Pode ser que, no futuro, a religião evolua
para um sacrifício mais simbólico, mas isso não pode ser imposto. Não se muda
uma religião por decreto." (www1.folha.uol.com.br)
Audiência
pública quer discutir lei estadual que proíbe a prática em cultos religiosos;
movimento negro é contra.
Thiago Rovêdo
A Câmara de
Campinas liberou o plenário da Casa para a realização de uma audiência pública
que vai discutir um projeto de lei de autoria do deputado estadual Feliciano
Filho (PV) que proíbe a utilização e o sacrifício de animais em rituais
religiosos no Estado de São Paulo.
O coordenador do
Movimento Negro Unificado, Maurílio Ferreira da Silva, o Maurílio de Oxossi,
defende a prática e alega que o projeto censura a liberdade religiosa no País e
que coloca os religiosos como pessoas atrasadas.
Ele fez uma
analogia na qual comparou a proposta de Feliciano com a perseguição de Adolf
Hitler aos judeus durante a 2ª Guerra Mundial. “É a mesma técnica que usaram
contra o judeus. Nos pegaram como bode expiatório do século 21 como Hitler
pegou os judeus, os culpando pelo fracasso da Alemanha no começo do século
passado”, afirmou.
ANÁLISE
O antropólogo e estudioso em assuntos religiosos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Almir Bacchi explicou que o ritual tem de ser preservado, porém, há restrições para o sacrifício. “Uma religião vive de rituais, e não importa se estamos na Idade Média ou no Iluminismo. O problema é que o sacrifício de animais fere a liberdade de um ser que não está envolvido no culto religioso por vontade própria. É uma questão que precisa de muito debate antes de ser definida”, disse.
O deputado Feliciano, por sua vez, afirmou que seu projeto não trata de liberdade religiosa, e sim, de defesa do direito dos animais. “Estão distorcendo a questão. Não tem a ver com liberdade de crença, estamos apenas defendendo os animais. Sobre a questão dos judeus, é um absurdo tão grande que prefiro nem comentar a questão”, contou. Não há data para o projeto ser votado na Assembléia Legislativa.
POLÊMICA
A liberação do espaço, porém, não foi tranquila. Silva disse que só conseguiu realizar o evento depois que a CEPIR (Coordenadoria Especial de Promoção da Igualdade Racial), da prefeitura, fez a solicitação. Ele havia pedido que dois vereadores fizessem a requisição, mas eles voltaram atrás. O vereador Gilberto Cardoso Vermelho (PSDB) foi um deles e confirmou que chegou a protocolar o pedido de audiência pública, mas depois, recuou. “Prefiro não me envolver com essas causas religiosas, e por isso, achei melhor não participar”, disse. (www.portal.tododia.uol.com.br)
ANÁLISE
O antropólogo e estudioso em assuntos religiosos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Almir Bacchi explicou que o ritual tem de ser preservado, porém, há restrições para o sacrifício. “Uma religião vive de rituais, e não importa se estamos na Idade Média ou no Iluminismo. O problema é que o sacrifício de animais fere a liberdade de um ser que não está envolvido no culto religioso por vontade própria. É uma questão que precisa de muito debate antes de ser definida”, disse.
O deputado Feliciano, por sua vez, afirmou que seu projeto não trata de liberdade religiosa, e sim, de defesa do direito dos animais. “Estão distorcendo a questão. Não tem a ver com liberdade de crença, estamos apenas defendendo os animais. Sobre a questão dos judeus, é um absurdo tão grande que prefiro nem comentar a questão”, contou. Não há data para o projeto ser votado na Assembléia Legislativa.
POLÊMICA
A liberação do espaço, porém, não foi tranquila. Silva disse que só conseguiu realizar o evento depois que a CEPIR (Coordenadoria Especial de Promoção da Igualdade Racial), da prefeitura, fez a solicitação. Ele havia pedido que dois vereadores fizessem a requisição, mas eles voltaram atrás. O vereador Gilberto Cardoso Vermelho (PSDB) foi um deles e confirmou que chegou a protocolar o pedido de audiência pública, mas depois, recuou. “Prefiro não me envolver com essas causas religiosas, e por isso, achei melhor não participar”, disse. (www.portal.tododia.uol.com.br)
TEXTO 04 - LENDA DO MÊS: O MILHO
Quando o milho chegou à África, oriundo
do continente americano, um certo lavrador assumiu o seu total monopólio.
O rico fazendeiro, dono de muitas
terras, transformou todas as suas propriedades em campos de milho, reservando
apenas uma pequena área onde criava galinhas e porcos.
Toda a sua produção era por ele
mesmo beneficiada; torrava e moía o milho que produzia e mantinha severa
vigilância sobre seus empregados para nenhum grão de milho seco saísse de sua
propriedade, evitando assim que outros lavradores pudessem também fazer
plantações do dourado grão.
O monopólio estabelecido fez com que
sua fortuna aumentasse consideravelmente e, como quase sempre acontece, com a
fortuna cresceu também sua ganância.
Guardas fortemente armados vigiavam
as entradas e saídas de sua fazenda e seus empregados eram obrigados a
trabalhar inteiramente despidos, para que não escondessem, em suas roupas,
grãos de milho que pudessem ser semeados em outras terras.
Seus preços eram exorbitantes e
aumentava-os sempre que assim achava conveniente, o que acabou por causar um
grande descontentamento entre os moradores da região que, sentindo-se
explorados de forma cruel, foram procurar Exu para dar um jeito na situação,
que já se tornara insuportável.
- Não podemos abrir mão do consumo
de milho! – Disse o representante do povo a Exu. – Tornou-se, junto com inhame,
a base de nossa alimentação e da alimentação dos animais que criamos.
- Quer dizer então... – disse
Exu-... Que o tal fazendeiro não permite que ninguém plante milho fora de suas
propriedades?
- Sim! É verdade! – Confirmou o
queixoso. – Além disso, cobra preços altíssimos pelo seu produto, o que esta
nos levando à miséria! Tudo o que ganhamos em nossas atividades acaba indo
parar em seus bolsos!
- Sim! Eu posso ajudá-los a
conseguir sementes para fazerem suas próprias plantações – afirmou Exu sem
muito pensar.
- Mas é tudo o que queremos! –
respondeu o homem já aliviado. - O que podemos fazer?
- Tragam-me sete galinhas que tenham
sido compradas, logo pela manhã, na fazenda do tal homem – respondeu Exu.
- Mas por que havemos de comprar nas
mãos dele se possuímos, nós mesmos, boas criações de galinhas? – perguntou,
espantado, o representante.
- Queres que eu resolva o problema? – perguntou Exu.
- Sim! – respondeu o outro.
-Pois então faça o que estou mandando! Exatamente o que estou
mandando!Quero sete galinhas da fazenda do tal agricultor, e que tenham sido
compradas de manhã bem cedo! – ordenou Exu sem explicar os motivos de sua
preferência.
O homem foi embora e, reunindo-se com as outras pessoas, relatou-lhes
tudo o que fora conversado na sua reunião com Exu.
- E ele me exigiu sete galinhas que devem ser adquiridas nas mãos do
homem que nos explora! Não entendi! Se já somos roubados no preço do milho, por
que razão deveremos dar-lhe ainda mais dinheiro comprando também suas galinhas?
Mas tudo bem! Se é assim que Exu quer que façamos, que assim seja feito!
No dia seguinte, bem cedo, lá se foi
o pobre coitado, com os últimos caurís que possuía comprar as sete galinhas do
explorador.
Já de posse das aves, reuniu-se com
seus companheiros e rumaram todos em direção à casa de Exu.
-Bom dia! – disseram.
-
Bom dia! – respondeu Exu. – E então, trouxeram a encomenda?
- Sim! Trouxemos as galinhas mais
gordas que havia no galinheiro daquele explorador. Cobrou-nos um preço absurdo,
mas o que poderíamos fazer a não ser pagar o exigido?
- Pois então não percam mais tempo!
Sacrifiquem imediatamente todas elas em minha honra! – comandou o Orixá.
Humildemente os homens sacrificaram
as galinhas, entregando-as, já mortas a Exu.
- Agora abram as suas barrigas e
retirem, com muito cuidado, suas vísceras - ordenou Exu, no que foi
imediatamente obedecido.
Apresentando uma cabaça com as
entranhas das aves, os homens disseram:
- Aqui estão as vísceras das
galinhas!
Pegando a cabaça, Exu dirigiu-se à
fonte d’água onde, cuidadosamente, lavou tudo muito bem lavado.
Devolvendo a cabaça com as vísceras
aos homens, Exu deu nova ordem:
- Recolham os grãos de milho que
estão nos buchos das aves sacrificadas, sequem- nos ao Sol e semeiem-nos em
seus campos!
As galinhas, que haviam sido alimentadas poucos minutos antes, tinham os
buchos cheios de grãos de milho secos, bons para serem semeados!
Desta forma Exu puniu a ganância do fazendeiro que manipulava a produção
de milho, permitindo que os seus vizinhos plantassem também, cada qual em sua
terra, o precioso grão.
Pouco tempo depois, todos os lavradores da região colhiam orgulhosos,
espigas de milho da cor do ouro em seus próprios campos.
É por isso que, até hoje, oferecem-se a Exu grãos de milho, como
lembrança ao grande favor prestado aos homens num tempo muito remoto. (MARTINS, Adilson. Lendas de Exu. Pallas.
Rio de Janeiro – RJ. p. 162 a 165)
[1] O termo Teosofia
é de origem grega, "theos" (Deus), e "sophos" (sabedoria),
significando literalmente "sabedoria divina", ou "conhecimento
divino".A Teosofia é um corpo de conhecimento que sintetiza
Filosofia, Religião e Ciência. A Teosofia se constitui na sabedoria universal e
eterna presente nas grandes religiões, filosofias e nas principais ciências da
humanidade, e pode ser encontrada na raiz ou origem, em maior ou menor grau,
dos diversos sistemas de crenças ao longo da história. (www.wikipedia.org)
Nenhum comentário:
Postar um comentário