Boas Vindas!!

MOJUBÁ !
Temos o intuito de incentivar e discultir textos sobre as religiões de matriz africana entre outras questões que envolve essa temática, também ter um espaço para divulgação da atividades da Egbé que alcança o Ilê Axé Sangó e o Centro Cultural Ébano Brasil.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Fevereiro

ATIVIDADES DO MÊS DE FEVEREIRO NA EGBÉ ONÍ OMÓ ORISÁ SANGO

DIA 02 ( 20 horas) Amalá

Dia 05 ( 15 horas) Atendimento ao Público;

Dia 12 – Participação das Águas e Pilão de Osála na Egbé Oní Omó Orisá Odé ( Campo Grande MS)

Dia 19 – (15 às 17 horas) – Roda de Debate e Discussão sobre a dinâmica do Candomblé de Ketu



Espera-se que tais escritos desse mês possam contribuir de alguma forma com o crescimento pessoal e social de todos/as que lerem e refletirem sobre os assuntos aqui tratados.
Gostariamos também de saber a sua opinião, comentem os textos!
Boa leitura a todos/as (Babaloorisá João Bosco ty Sàngó)

Axé e Felicidades Babá!!!

(Imagem da Inauguração da Egbé Oní Òmorisá Sàngó)


Mesmo com um dia de Atraso.... Não Poderíamos deixa de prestar uma singela Homenagem ao Babaloorisá João Bosco ty Sàngó pelo seu aniversário dia 31 de Janeiro.

Agradecemos primeiramente a Sàngó por ter: cuidado do Senhor e te encaminhado para o Candomblé, Iluminado seu caminho até a construção da Egbé e "emprestando" as Yarobás da casa ty Odé (rsrs). Pois sem todos os esforços já feitos não seria possível esse começo, que sem o Senhor seria impossível.
Mesmo as palavras e gestos mais simples que sempre fazem a diferença... Obrigada pelo carinho, consolo, atenção, alegria, luz e Axé!
Se fosse possível narrar cada episódio em que o Sr. esteve presente em nossas vidas seriam várias páginas de muitas risos e choros, e o mais importante de União.
Estamos aqui para relembra-lo da sua Importância em nossas vidas e desejar que Sàngó lhe retribua tudo o que tem feito pela Egbé!

Att.
Rombona,
João,
Guará,
Welligton,
Ester.

Lenda do Mês - Ossaim




Ossaim era o nome de um escravo que foi vendido a Orunmilá. Um dia ele foi à floresta e lá conheceu Aroni, que sabia tudo sobre as plantas. Aroni, o gnomo de uma perna só, ficou amigo de Ossaim e ensinou-lhe todo segredo das ervas.

Um dia, Orunmilá, desejoso de fazer uma grande plantação, ordenou a Ossaim que roçasse o mato de suas terras.

Diante de uma planta que curava dores, Ossaim exclamava: “Esta não pode ser cortada, é a erva que cura as dores”. Diante de uma planta que curava hemorragias, dizia: “Esta estanca o sangue, não deve ser cortada”.Em frente de uma planta que curava a febre, dizia: “Esta não, porque refresca o corpo”.

E assim por diante.

Orunmilá, que era um babalaô muito procurado por doentes interessou-se então pelo poder curativo das plantas e ordenou que Ossaim ficasse junto dele nos momentos de consulta, que o ajudasse a curar os enfermos com o uso das ervas miraculosas. E assim Ossaim ajudava Orunmilá a receitar e acabou sendo conhecido como o grande médico que é (In: PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. Cia das Letras, 2002. p.152).

Por uma Consciência Negra dos religiosos/as de Matriz Africana

(Fámilia da casa de Odé -MS- e amigos na casa de Xangô)

Ter a certeza de que a nação brasileira é formada com a participação de três grupos étnicos, ou seja, ameríndios, europeus e africanos isto já um ponto que não provoca divergências entre nós brasileiros. Porém, ao afirmamos que os grupos tanto ameríndios quanto africanos contribuíram enormemente com a maneira de louvar e ser do povo brasileiro, ainda é algo que causam incômodos a alguns ou muitos de nós. Visto que ainda é comum perceber a participação especialmente dos povos do continente africano apenas na culinária, capoeira, samba. Não que isso seja menor ou maior. Entretanto se faz necessário termos a percepção de que uma das grandes contribuições do povo africano foi sem sombra de dúvidas com o seu arcabouço religioso.


É inegável que a maneira de louvar do povo africano diferia em tudo da forma de louvar dos colonizadores europeus, seja português, espanhol, inglês, francês e holandês.

No caso brasileiro, os colonizadores portugueses eram de formação católica apostólica romana de tudo fizeram para converter o povo negro a sua fé. Porém, esses africanos que para cá vieram usando de astucia e perspicácia também de tudo fizeram para não entregar-se ao catolicismo. Mesmo batizado com nome de santo católico, buscou de formar camufladas continuar louvando e crendo em seus Orisás, Inkices e Voduns. Perceberam a fragilidade da doutrina católica e disfarçaram uma suposta conversão nos santos católicos para depois se organizarem-se nas irmandades negras.

Das irmandades negras a organização dos primeiros Ilês Asés no final do século XIX foi um passo, lógico que nem tudo foi um mar de rosas. Perseguições de forças militares, diversas formas de desrespeitos aos cultos afros, é o que se tem noticias pelo Brasil afora.

Porém, o que se percebe é que a custa de muita luta e inteligência do povo negro as religiões de matriz africana estão vivas e presente na cultura brasileira. Cumpre a nós religiosos/as e simpatizantes das religiões afro na atual conjuntura continuarmos a luta dos nossos/as ancestrais. Que buscaram antes de tudo preservar crenças milenares de sua terra natal em território brasileiro.

Hoje não precisamos mais disfarçar nossa fé e nossa forma de louvar, visto que a Constituição Federal de 1988, garante em seu artigo5º, Inciso VI que: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.

Conclamamos a todos/as sacerdotes e sacerdotisas de matriz africana que faça de dos seus Ilés Asé além de espaço religioso, um ambiente de luta e resistência contra toda e qualquer forma de opressão e injustiça, e acima de tudo lugar de conscientização dos valores culturais dos nossos/as ancestrais negros/as.

Se valeu a luta dos/as nossos/as ancestrais escravizados/as nas terras brasileiras, hoje vale a nossa, por respeito e dignidade humana. Se no passado a luta não foi em vão, hoje nossa luta é por garantir a pratica do inciso VI da Constituição Federal do Brasil.

Entre outros fatos marcantes do mês de fevereiro dois chama atenção, um deles é o nascimento da antropóloga, intelectual, política, professora Lélia Gonzalez (1935). Seus escritos, simultaneamente permeados pelos cenários da ditadura política e da emergência dos movimentos sociais, são reveladores das múltiplas inserções e identificam sua constante preocupação em articular as lutas mais amplas da sociedade com a demanda específica dos negros e, em especial das mulheres negras. Os livros produzidos foram “Lugar de Negro” (1982) (com Carlos Hasenbalg), “Festas Populares no Brasil”. As demais referências da produção de Lélia Gonzalez são papers, comunicações, seminários, panfletos político-sociais, partidários, engajados, sempre de muita reflexão.

Seus escritos e palestras, atuando contra o racismo e outras formas de discriminação, contribuíram para a formação acadêmica e cidadã de muitos dos que com ela conviveram, considerando que atuou nas universidades brasileiras por mais de 30 anos, até seu falecimento. Em seus últimos dias, foi eleita, por reconhecimento de sua competência, chefe do Departamento de Sociologia, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Quando faleceu, aos 59 anos, ainda tinha muito a fazer, a escrever, a falar/comunicar/ensinar. (WWW.wikipedia.org)

Outro fato que marca este mês é morte de Carolina Maria de Jesus ocorrido no dia 14 de fevereiro de 1977. Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento, interior de Minas Gerais, em 14 de março de 1914. Estudou até o segundo ano primário. Migrou para São Paulo em 1947, indo morar na extinta favela do Canindé, na zona norte. Nessa cidade, trabalha como doméstica, não se adaptando, contudo, a esse tipo de trabalho. Passa a trabalhar como catadora de papel, trabalho que realiza até sua morte, em 1977. Carolina nunca se casou e teve três filhos. Até aqui, temos uma história que poderia ser a de qualquer outra mulher brasileira pobre: negra, semi-alfabetizada, favelada, como tantas que existem pelo Brasil afora, não fosse por um detalhe – a paixão de Carolina Maria de Jesus pela leitura e pela escrita. Carolina dividia seu tempo entre catar papel,cuidar dos filhos e escrever.
Em meados da década de 1960, o jornalista Audálio Dantas, ao visitar a favela do Canindé para escrever uma matéria sobre a expansão do local, conhece Carolina, que lhe entrega os manuscritos de seu diário. Surge então seu primeiro livro, Quarto de Despejo, livro-diário em que relata a fome cotidiana, a miséria, os abusos e preconceitos sofridos por ela, seus filhos e outros moradores da favela.
Quarto de Despejo foi em agosto de 1960 e editado oito vezes no mesmo ano; mais de 70 mil exemplares foram vendidos na época. Nos cinco anos seguintes, Quarto de despejo foi traduzido para 14 idiomas e alcançou mais de 40 países.
Além de Quarto de Despejo, Carolina também publicou Casa de Alvenaria (1961), Provérbios e Pedaços da fome (1963) e Diário de Bitita (publicação póstuma).
Outro traço particular de Carolina Maria de Jesus é a sua consciência política e social. Passagens de seus livros mostram que a escritora estava sempre a par do que acontecia não só em São Paulo, mas também em outros Estados, provavelmente por meio de notícias lidas em jornais que via nas bancas.
Apesar de todo o sucesso de seu primeiro livro, as publicações seguintes da autora não tiveram êxito, e Carolina caiu no esquecimento. Pobre, morreu na casa em que morava com o filho mais velho, no bairro de Parelheiros, em São Paulo, no dia 13 de fevereiro de 1977. (http://www.acervos.ims.uol.com.br/)

A vida e os escritos dessas duas personalidades demonstra a obstinação de mulheres que sonharam, lutaram e tiveram consciência do seu papel em uma sociedade preconceituosa e racista. Que a vida dessas mulheres nos sirva de exemplo para continuarmos lutando um país mais justo onde todos/as sejam respeitados/as na sua forma de ser, pensar e agir.

O artigo deste mês intitulado Religiosidade Negra: Resistência Político-Cultural, retirado da obra Para Entender o Negro no Brasil de Hoje: História, Realidades, Problemas e Caminhos, de autora é de Kabengele Munanga & Nilma Lino Gomes no qual buscam de forma didática analisar as religiões de matriz afro como espaço de resistência político cultural no Brasil .

Já a lenda do mês nos faz refletir sobre a importância das ervas no contexto religioso afro, para tanto recorreu-se à obra de Reginaldo Prandi, Mitologia dos Orixás, no qual esse autor descreve uma magnífica lenda do Orisá Osain para destacar o valor fundamental que as ervas e plantas exercem para os praticantes do Candomblé e para a farmacopéia tradicional. A referida lenda pode ser usada por professores/as de Ensino Fundamental e Médio para discutir questões ambientais em sala de aula.

Por fim, porém não menor importante postou-se um box, no qual destaca 10 Maneiras de Contribuir para Uma Infância sem Racismo. Dessa forma a Egbé Ìní Omòrisa Sàngó e a Associação Cultural Ébano Brasil quer abraçar a campanha desencadeada pela UNICEF na luta por infância sem racismo.


Resistência


RELIGIOSIDADE NEGRA: RESISTÊNCIA POLÍTICO-CULTURAL





A religiosidade negra é rica e variada. No Brasil, os nossos ancestrais africanos enriqueceram a nossa cultura com diferentes expressões e formas de se relacionar com o mundo sobrenatural.

A relação com o mundo que podemos chamar de sobrenatural pode ser considerada como um universo do humano. Todos os grupos sociais, em diferentes épocas e espaços, constroem formas de se relacionar com o mundo desconhecido, na busca de caminhos e explicações que lhes ajudem a entender o enigma da vida e da morte, o sentido de ser e estar no mundo.
Homens e mulheres criam artefatos e constroem códigos, regras, leis que lhes possibilitem garantir a sobrevivência e a manutenção de seu grupo. Cada grupo produz sua cultura de acordo com suas necessidades e possibilidades, portanto não há como considerar uma expressão cultural superior ou inferior, melhor ou pior do que a outra, o mesmo se aplica à religiosidade. Essa dinâmica própria da cultura acontece de formas variadas, de acordo com o grupo cultural, contexto histórico, político e social em que se vive. Isso pode nos ajudar a entender o porquê de tantas expressões religiosas no mundo.

Tanto a religiosidade negra como outras expressões religiosas devem ser compreendidas como formas construídas, no interior da cultura, de estabelecimento de elos com o Criador, com o que está além do que costumamos considerar como mundo racional. Devem ser vistas como “experiências religiosas” e não como mero “credo religioso”. Tomadas como uma produção da humanidade, fruto das diversas formas de se relacionar com a natureza, busca dar explicações para questões que afetam a vida de todos/as e do modo como se estabelecem relações entre as pessoas e delas com o mundo.

Em contexto de dominação e opressão, os grupos constroem processos de resistência religiosa, que são também parte da cultura. A deportação dos/as africanos/as e a imposição do regime escravista acarretaram um processo de ressignificação mítico-religiosa, de atribuição de outros e novos significados às coisas e ao mundo que os rodeiam, por parte de nossos ancestrais com suas divindades e crenças. Esse é um processo comum nas situações de colonização ou dominação político-cultural. Os povos ditos dominantes e dominados, ao se encontrarem (ou “se chocarem”) passam por mudanças culturais que afetam a todos/as, de variadas formas. Porém, é muito comum pensarmos que somente os ditos “dominados” ou “colonizados” recebem interferências dos outros grupos ou modificam seus costumes, crenças e valores em função do contexto de opressão. Na realidade, as coisas não são bem assim. O processo cultural é dinâmico e a força da matriz religiosa é um fator muito importante na construção das identidades culturais.

Compreender a tradição religiosa afro-brasileira, recontar a história do povo negro na África pré-colonial, pós-colonial e, em nosso caso especifico, durante e após o regime escravista brasileiro significa compreender um passado que muitos de nós somos desconhecidos. Este passado e o modo como foi construído interfere e interferirá em nossas crenças e nas formas de inserção e vivência do mundo atual, seja enquanto negro, branco e indígenas brasileiros.

No Brasil, algumas tradições religiosas de matriz africana tornaram-se mais destacadas do que outras, entre elas pode-se citar o candomblé e a umbanda.

O CANDOMBLÉ

O candomblé e demais religiões afro-brasileiras tradicionais formaram-se em diferentes áreas do Brasil, com variados ritos e com nomes locais derivados de tradições africanas diversas: candomblé na Bahia, xangô em Pernambuco e Alagoas, tambor de mina no Maranhão e Pará, batuque no Rio Grande do Sul.
De acordo com Reginaldo Prandi (1996) a organização das religiões negras no Brasil deu-se no curso do século XIX. Uma vez que as últimas levas de africanos deportados durante o período final da escravidão foram fixadas, sobretudo nas cidades e em ocupações urbanas, os africanos desse período puderam viver um processo de interação que não conheceram antes. Nas cidades, estabeleciam um maior contato uns com os outros, com maior mobilidade e, de alguma maneira, com certa liberdade de movimento. Este fato propiciou condições sociais favoráveis para a sobrevivência de algumas práticas religiosas africanas, com a formação de grupos de culto organizados.

Até o final do século XIX tais religiões estavam consolidadas, mas continuavam a ser religiões étnicas dos grupos negros descendentes dos escravos. A partir dos anos 60 do século XX, as pessoas de origem não-africana começaram a professar o candomblé. Assim, o candomblé deixou de ser uma exclusiva do segmento negro, passando a ser uma religião de todos/as aqueles/as que se identificam com seus rituais, normas e cultos.

(...)

Sendo religião de matriz africana e praticada inicialmente somente pelos grupos negros, o candomblé sofreu (e ainda sofre) todas as interferências do racismo existente em nosso país. Quem de nós já não ouviu comentários de que as religiões afro-brasileiras significam algo espiritualmente negativo? Ou que não são religiões, mas sim, “seitas malignas”?

Segundo o antropólogo Vagner Gonçalves da Silva (1994), no candomblé, a forma de cultuar as divindades (seus nomes, cores, preferências por alimentos, louvações, cantos, dança e música) foi distinguida pelos negros segundo modelos de rito chamados de nação. Esse tipo de denominação é uma alusão significativa de que os terreiros, além de tentarem reproduzir os padrões africanos de culto, possuíam uma identidade grupal (étnica) como nos reinos da África.

Segundo esse autor, os sudaneses foram os grupos africanos que predominaram no século XIX, época em que as condições histórica, sociais e urbanas de perseguição aos cultos diminuíram em relação ao período colonial, no qual os povos bantos foram majoritários. Devido a esses fatores, a estrutura religiosa dos povos de língua ioruba legou ao candomblé sua infra-estrutura de organização, influenciada pelas contribuições de outros grupos étnicos. Desse processo, resultaram os dois modelos de cultos mais praticados o Brasil: o rito jeje- nagô e o angola.

O rito jeje-nagô abrange as nações nagôs ( keto, Ijesá, etc) e as jejes ( jeje-fon e jeje-marrin). Tal rito enfatiza o legado das religiões sudanesas. Nos terreiros onde esse rito é praticado geralmente cultuam-se orixás (divindades representadas essencialmente pela natureza), voduns, erê (espíritos infantis) e caboclos (espíritos indígenas)

Mas, as casas de culto (Ilê Axé) não são todas iguais e têm opiniões diferentes sobre a “originalidade e fidelidade africanas” do seu culto e de suas práticas. Sendo assim, os ilês onde prevalece o culto aos orixás são popularmente conhecidos como candomblé ketu; os de culto aos voduns são chamados de candomblé jeje.

No culto de natureza ketu os atabaques (instrumentos de percussão) são tocados com pequenas varinhas, canta-se para os orixás principalmente em dialeto africano (yorubá) e segundo os seus ritmos de som e dança característico.

Já o rito angola abrange principalmente o cerimonial congo e cabinda e procura enfatizar a herança das religiões dos povos bantos. Essa nação (...) cultua as divindades bantos, denominadas de inquices, os vunjes (espíritos infantis) e os caboclos. Os templos dessa nação são chamados de candomblé de angola e, durante o culto, os atabaques são tocados com as mãos. Sendo estes cânticos na língua banta. Algumas casas de que tem nessa pratica seu culto mescla o banto com o português.

Devido ao grande fluxo e dispersão dos povos bantos no Brasil, o candomblé de angola espalhou-se por quase todo o país. Em alguns estados, em fins do século XIX, essa prática religiosa que sempre esteve aberta às influências católicas e ameríndias, recebeu nomes diferentes como cabula no Espírito Santo, macumba, no Rio de Janeiro, e candomblé de caboclo, na Bahia. É claro que em muitos lugares esses cultos também foram marcados pelas influências do rito jeje- nagô e, nesse caso, não pode-se afirmar ao certo qual dessas foi predominante. (...) (In: MUNANGA, Kabengele & GOMES, Nilma Lino. Para Entender o Negro no Brasil de Hoje: História, Realidades, Problemas e Caminhos. Coleção Viver e Aprender – Educação de Jovens e Adultos 2º Segmento de Ensino Fundamental. Ed. Global e Ação Educativa, 2004)

Dez maneiras de contribuir para uma infância sem racismo




1. Eduque as crianças para o respeito à diferença. Ela está nos tipos de brinquedos, nas línguas faladas, nos vários costumes entre os amigos e pessoas de diferentes culturas, raças e etnias. As diferenças enriquecem nosso conhecimento.

2. Textos, histórias, olhares, piadas e expressões podem ser estigmatizantes com outras crianças, culturas e tradições. Indigne-se e esteja alerta se isso acontecer – contextualize e sensibilize!

3. Não classifique o outro pela cor da pele; o essencial você ainda não viu. Lembre-se: racismo é crime.

4. Se seu filho ou filha foi discriminado, abrace-o, apoie-o. Mostre-lhe que a diferença entre as pessoas é legal e que cada um pode usufruir de seus direitos igualmente. Toda criança tem o direito de crescer sem ser discriminada.

5. Não deixe de denunciar. Em todos os casos de discriminação, você deve buscar defesa no conselho tutelar, nas ouvidorias dos serviços públicos, na OAB e nas delegacias de proteção à infância e adolescência. A discriminação é uma violação de direitos.

6. Proporcione e estimule a convivência de crianças de diferentes raças e etnias nas brincadeiras, nas salas de aula, em casa ou em qualquer outro lugar.

7. Valorize e incentive o comportamento respeitoso e sem preconceito em relação à diversidade étnico-racial.

8. Muitas empresas estão revendo sua política de seleção e de pessoal com base na multiculturalidade e na igualdade racial. Procure saber se o local onde você trabalha participa também dessa agenda. Se não, fale disso com seus colegas e supervisores.

9. Órgãos públicos de saúde e de assistência social estão trabalhando com rotinas de atendimento sem discriminação para famílias indígenas e negras. Você pode cobrar essa postura dos serviços de saúde e sociais da sua cidade. Valorize as iniciativas nesse sentido.

10. As escolas são grandes espaços de aprendizagem. Em muitas, as crianças e os adolescentes estão aprendendo sobre a história e a cultura dos povos indígenas e da população negra; e como enfrentar o racismo. Ajude a escola de seus filhos a também adotar essa postura. (WWW.unicef.org.br)