Casa de Oxumaré é tombada como patrimônio histórico e cultural do Brasil
O terreiro Ilê Axé Oxumarê
foi tombado como patrimônio histórico e cultural do Brasil na tarde de
quarta-feira (26/11), na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN), em Brasília. Para o superintendente do Iphan, Carlos Amorin,
a preservação dos terreiros de candomblé é de extrema importância para a Bahia
e o Brasil, pois eles representam o símbolo de resistência do povo negro.
Para o sacerdote Babalorixá Agoensi Danjemin, supremo dirigente do Ilê
Axé Oxumarê, o Babá Pecê (Silvanilton Encarnação da Mata), o tombamento é
o reconhecimento de uma luta histórica iniciada pelos antepassados. Ele
considera uma conquista que alegra todas as casas de matriz africana.
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, disse que “Muito além das práticas
religiosas, o terreiro exerce papel fundamental à luta e resistência do povo
negro, bem como na disseminação da rica cultura africana em nosso país”.
A solicitação de tombamento do Ilê Axé Oxumarê – considerado um dos mais
antigos centros de culto afro-brasileiro da Bahia e do Brasil e de grande
reconhecimento social – foi feita em 18 de setembro de 2002, por Babá Pecê.
Ele ressaltou que a proteção é um reconhecimento da contribuição do povo
africano que trouxe e deixou no Brasil seu conhecimento, sua cultura, seu
legado.
Para o presidente da Fundação Cultural Palmares, Hilton Cobra, o
tombamento reafirma o momento histórico vivido no país onde se consolidam as
políticas de ações afirmativas pelo poder público e sociedade na superação das
desigualdades.
Oxumarê é simbolo da riqueza
Oxumarê é o orixá do movimento e dos ciclos vitais que geram as
transformações, que o santuário é consagrado. Na tradição iorubá, os orixás
correspondem a ancestrais divinizados e que correspondem às forças da natureza.
Portanto, seus arquétipos estão diretamente relacionados às manifestações
dessas forças.
Segundo a tradição, Oxumarê é simbolo da riqueza, da continuidade e da
permanência, é a serpente-arco-íris, que representa a união entre o céu e a
terra, o equilíbrio entre os orixás e os homens. É uma divindade muito antiga,
participou da criação do mundo enrolando-se ao redor da terra, reunindo a
matéria e dando forma ao Mundo. Sustenta o Universo, controla e põe os astros e
o oceano em movimento. Rastejando-se pelo Mundo, desenhou seus vales e rios. É
a grande cobra que morde a cauda, representando a continuidade do ciclo vital.
Sua essência é o movimento, a fertilidade, a continuidade da vida.
O dia da semana de culto à Oxumarê é a terça-feira; suas
cores são o amarelo e o verde (ou preto), além das cores do arco-íris; seus
símbolos são o Ebiri (espécie de vassoura feita com nervuras das folhas das
palmeiras), a serpente, o círculo e o bradjá (colar de búzios); e sua saudação
é: A Run Boboi!!!
Agora, são sete terreiros de candomblé protegidos pelo IPHAN, o que
reafirma a postura da instituição na consolidação de um conceito sobre o
Patrimônio Cultural, que inclui todas as manifestações que contribuíram para a
formação da identidade nacional ao longo dos séculos e envolve a sociedade na
gestão deste patrimônio. “Toda a história e resistência de um povo,
representada neste espaço, que é o Terreiro, foi reconhecida e agora é um bem
cultural brasileiro, protegido“ celebrou a presidenta do IPHAN, Jurema Machado.
Os terreiros já tombados pelo IPHAN são Casa Branca, Ilê Axé Opô Afonjá,
Gantois, Alaketu e Bate-folha, na Bahia em Salvador, e a Casa das Minas Jejê,
em São Luís (MA).
Fonte: Ascom Sepromi/ Iphan
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